domingo, 14 de outubro de 2012

A Casa




Essa casa maior, em primeiro plano, foi a casa onde eu e meus irmãos nascemos, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre.
Dela, só sobraram essa foto e uma canção. Divido com vocês.

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Eu cresci naquela casa, que hoje só guardo a fachada
Minha vó sempre sentada na calçada em frente à casa
Minha primeira morada, onde eu conheci o medo
E o prazer da madrugada.

De manhã quando acordava, o horizonte era vermelho
De tarde o sol se escondia por trás do morro velho
Certo dia viajando, conheci muitas cidades e fachadas
Mas meu pensamento volta...
Volta sempre àquela casa.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Avenidas


Já tive o gosto do batom de um lábio sedutor
Embriaguei na aguardente os sonhos mortos de amor
Mas ao cruzar com o tal pecado então me descobri e vi o mundo enfim
Sorrir cantar, zombar de mim

Cruzei as avenidas feitas por asfalto e féo
Olhei minh'alma num espelho e resultou cruel
Mas quando chove e o dia fica limpo e claro como noite de luar
Vem um não sei o que
Me atormentar

Por que não estás aqui, amor por que não estás?
Será que essa saudade não me deixa nunca mais?
Por que não sai de mim? Me deixa, me deixa...
A solidão não é ruim, pior é essa angústia.

Já visitei o inferno, Dante, Cristo e Lampião
Estive olhando brancas nuvens mortas pelo chão
Mas nunca vi tanta ferida como um coração abandonado e só
Tristeza assim, não tem pior
Passei a noite inteira de fazer dó
Curar a bebedeira andar do chão ao pó
Eu sou apenas um menino só um andarilho, um sonhador
Que sonha sim, com o teu amor

Por que não estás aqui, amor por que não estás?
Será que essa saudade não me deixa nunca mais?
Por que não sai de mim? Me deixa, me deixa...
A solidão não é ruim, pior é essa angústia.

O Amor que eu Nunca Tive

O amor que eu nunca tive
Mora dentro do meu sonho
É um amor assim medonho
Que na minha alma vive

É o amor que te proponho
O amor que sobrevive
Além do medo e do ganho
Além do mar, inclusive

O amor que eu nunca tive
Vem do lume, vem do facho
Vem da brasa, onde estive

Vem do fogo e do riacho
Vem de Deus e de um despacho
O amor que eu nunca tive

Erótica

 

Se o meu desejo entrar por tuas pernas
E a minha boca tomar a tua boca
Há de invadir-me uma vontade louca
De mergulhar em sensações eternas

Enquanto exploro todas as cavernas
Ouvindo o sussurrar de uma voz rouca
A noite cai enquanto cai a roupa
Pra saciarmos vibrações internas

Entrar com meu desejo em teu desejo
Enquanto o lábio beija e balbucia
E esta mulher que tem a pele nua

Se veste assim como quem não queria
E deixa a vida um pouco mais vazia
Quando se vai, na imensidão da rua.

O Encanto


Um dia o encanto se cansou de ser sozinho
De ver o mundo pelo prisma de uma flor
E resolveu partir em busca de um caminho
E de um sonho muito desafiador

A sua mãe, uma florzinha amarelada
Sentiu saudade e uma pontinha de pavor
Mas percebeu que a vida nasce pela estrada...
E o encanto abraçou seu pai – o amor!

E foi embora, lá do reino de onde as fadas
Brincam de dia e de tarde vão dançar
Porque as fadas não se cansam da alegria
Porque as fadas já nasceram pra voar

E o encanto transformou-se numa moça
Que conhecia bem a arte de encantar
Também pudera, a mãe, a linda flor do campo
E o pai, o amor, com quem aprendera a amar

E essa moça que encantava até o escuro
Tinha os cabelos claros como a luz da lua
Essa fadinha é o encanto transmutado
Olhar pra ela é como ver a alma nua.
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